segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Apenas grandes amigos


São estranhos os términos de namoros de hoje em dia.

Todo namoro começa com um padrão único: ambos se olham, descobrem que por uma fração de segundo, são tudo o que o outro desejou, trocam telefone, prometem ligar, prometem o mundo.

Todos os dias giram em torno de ambos. O universo de é extremamente incompleto se não houver a presença do outro.

O segundo passo é a concretização de tal romance: fala-se com os pais (geralmente com os dela) que se quer namorar “sério” como se existisse algum conceito de namoro em casa por pura brincadeira. A mãe já sabe de tudo, o pai o olha com um olhar reprovativo, retorna esse olhar à esposa e lembra-se que um dia ele esteve na mesma posição desconfortável levando o mesmo olhar reprovativo; a resposta é negativamente um sim: “Sim, você pode namorar minha filha às quartas-feiras, sextas, sábados e domingos de sete às dez da noite”.

A felicidade paira sobre a vida de ambos que sentem-se seguindo pela chuva cantando e dançando como Gene Kelly em seu grande clássico.

O mundo tem uma nova cor: todas as minas têm o nome dela – um dia erma as rosas quem tinham; todos príncipes encantados das histórias infantis têm o nome dele – antes tinham os grandes príncipes das histórias que mamãe as contava.

Há de se convir, porém a felicidade que se é tê-lo e tê-la à distância como nas novelas: o casal se conhece e se apaixona no começo, separam-se ainda no começo e ficam juntos no fim. Tem que se pensar em quão estranho seriam se tivessem que se aturar em todos os capítulos de uma mesma trama. A velocidade com a qual enjoariam um do outro seria assustadora.

Ela conta a todas as amigas que encontrou o homem de sua vida. Ele conta aos amigos que achou a mãe de seus filhos.

Isso aconteceu há uma semana atrás.

É chegada à hora de se conhecerem melhor. Já se tem um mês juntos: ela foi à casa dele, e hoje é dia de jantar na casa dela.

Por alguma estranha razão, ele já chega a casa dela como se fosse da família. Já não pede licença, apenas entra, dá dois tapinhas nas costas do sogro (agora sogrão) e já vai direto para a mesa. A comida é deliciosa, e todo o jantar tem um ritmo maravilhoso, até que ele arrota na mesa, no meio de todos. O pai dela já nem se incomoda, o tem como a um filho, discutem futebol e nem parece mais namorados e sim que são casados: ela já até aprendeu que em dia de futebol ela deve pegar as cervejas na geladeira.

A partir do dia seguinte ele já não é mais o príncipe montado no cavalo: “Talvez se eu tivesse escolhido o cavalo ele seria mais carinhoso e educado que ele...”, é o novo comentário que se faz com as amigas mais íntimas. É claro que a recíproca é verdadeira: “De repente ela ficou meio chata, fria, estranha”... Já nem sei se a quero mais!

E isso só se passou em pouco mais de um mês.

O novo encontro com os amigos traz uma frase muito bonita quando se pergunta pela mulher de sua vida. Frase essa seguida por um sorriso, irônico, seguido da resposta: “Somos apenas grandes amigos”.

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